Por Crystal Cipriano, Jéssica Britto, Stella Ricardo e Virginia Lima
Você já deve saber algo sobre a microbiota intestinal humana, não é? Entretanto, você saberia dizer o que é e a sua importância? Porque as pessoas preferem comer alimentos processados e quais os malefícios que esse tipo de alimentação pode trazer? Como manter uma microbiota saudável e qual a importância dos alimentos naturais na nossa alimentação? Esclarecemos abaixo todas essas dúvidas.
A microbiota intestinal humana é um conjunto de espécies de microrganismos formada, principalmente, por bactérias, que podem ser benéficas ou maléficas, porém, há um equilíbrio entre elas, o que é fundamental para a manutenção da saúde corporal. Seu desenvolvimento depende das fibras alimentares que, embora não sejam digeridas pelo ser humano, são encontradas em alimentos naturais - como leguminosas e grãos - e nutrem a microbiota.
Um estudo da Universidade de Trento, na Itália, revelou que as mudanças na dieta, devido, principalmente, à introdução de alimentos industrializados, e nos hábitos de higiene no Ocidente estão associadas a diminuição da população de bactérias na microbiota intestinal. Por conseguinte, essas mudanças estariam relacionadas ao surgimento de doenças crônicas.
Mas então por que as pessoas optam por alimentos processados em vez de comida caseira?
Devido a correria do dia a dia e a falta de tempo, muitas pessoas preferem alimentos processados, por serem um meio mais rápido e prático, sem se preocupar com os prejuízos que esse tipo de refeição provocam à sua saúde. Sendo assim, fica claro que alimentos ultraprocessados, industrializados, e a dieta ocidental (tipicamente constituída por alto consumo de carne vermelha, gordura animal, açúcar e pobre em fibras), fornecem menores quantidades de fibras, o que leva à menor produção de ácidos graxos de cadeias curtas pela microbiota intestinal, sendo estes produtos imunomoduladores essenciais.
Além disso, é provável que o intestino sofra uma redução na capacidade de absorção de nutrientes importantes e uma carência de vitaminas, principalmente do complexo B, além de vitaminas A, C e D. Sem contar que o desequilíbrio da flora intestinal devido o consumo de tais alimentos podem influenciar algumas condições, como:
● Doenças autoimunes;
● Obesidade;
● Diabetes tipo 2;
● Úlcera;
● Doenças cardiovasculares;
● Alzheimer;
● Doenças gastrointestinais;
● Depressão;
● Alguns tipos de câncer;
● Autismo.
Entretanto, o consumo de comida industrializada não é a única condição que interfere negativamente na microbiota gastrointestinal, vários outros fatores podem danificá-la, sendo eles:
● Uso indiscriminado de antibióticos: Os antibióticos não discriminam entre bactérias boas e ruins, logo o seu uso deve ser sempre feito de acordo com a prescrição médica.
● Hábitos alimentares, especialmente com o consumo de alimentos ultraprocessados, desprovidos de fibras.
● Estresse.
● Má alimentação.
● Bebida alcoólica.
● Excesso de exercício físico, por causa do alto consumo de oxigênio.
E como ter uma dieta rica de nutrientes para a microbiota?
A tentativa para uma alimentação mais saudável muitas vezes se baseia apenas na redução de açúcares e gorduras ignorando as necessidades nutricionais das bactérias presentes na microbiota intestinal, primordialmente responsável pela absorção dos nutrientes e balanceamento do metabolismo. Na alimentação diária, é preciso contar com vegetais, cereais e pães integrais, feijão e outras leguminosas, além de castanhas e sementes; fontes de proteína, ferro e cálcio (carnes, aves, ovos, peixes e derivados do leite) são importantes em quantidades moderadas; açúcares e doces, assim como óleos e gorduras, não são proibidos, porém, isso não significa que seu consumo deva ser livre. Também é importante se lembrar de tomar água durante todo o dia.
Além disso, a recomendação nutricional tradicional para alimentar a microbiota humana é formular alimentos ou prescrever uma dieta com muita fibra alimentar. Infelizmente, os alimentos ricos em fibras geralmente não são muito apreciados pelos consumidores. Portanto, é necessário desenvolver estratégias de produção de alimentos capazes de nutrir adequadamente a microbiota, mantendo as características sensoriais que tornam os alimentos atraentes e compensadores, pois uma microbiota intestinal saudável e equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas, o que irá assegurar melhoria na qualidade de vida.
O processo de digestão de alimentos afeta diretamente a disponibilidade de nutrientes para o corpo humano na diversidade da microbiota, uma vez que todo o material não digerido pode ser um substrato para a microbiota intestinal: quanto maior a variedade dos substratos disponíveis, maior a diversidade do microbioma.
Além disso, a potencial atividade anti-inflamatória dos microrgansimos intestinais após a degradação das fibras e a produção de ácidos graxos de cadeia curta pode estimular respostas positivas no nível sistêmico e estar envolvida nas respostas emocionais. Diante disso, é tentador imaginar alimentos projetados para agir como psicobióticos, que podem ser enriquecidos com fibras prebióticas ou probióticos, com um efeito reconhecido no bem estar emocional.
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Referências bibliográficas:
https://unisaudems.org.br/dicas-de-saude/microbiota-intestinal-desequilibrio-entre-bacterias-dosistema-digestivo-ameaca-a-saude
http://www.microbiologia.ufrj.br/portal/index.php/pt/graduacao/informe-da-graduacao/654-a-importancia-da-microbiota-para-o-amadurecimento-do-sistema-imune#:~:text=A%20microbiota%20residente%20tem%20um,superf%C3%ADcies%20e%20desempenhar%20diversas%20fun%C3%A7%C3%B5es.
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